Feira de Troca de Sementes, Oficinas sobre PANCs e Rodas de Conversas
Durante o VIII Congresso Brasileiro de Recursos Genéticos, que ocorreu em Pirenópolis entre 5 e 8 de novembro de 2024,foram realizadas atividades integradoras junto à comunidade de Pirenópolis com o objetivo de promover a conscientização e debates sobre a importância da preservação dos recursos genéticos. As atividades incluíram oficinas, palestras, rodas de conversas e demonstrações práticas para engajar a comunidade em práticas de conservação, visando o uso sustentável da biodiversidade .O Congresso foi promovido pela Sociedade Brasileira de Recursos Genéticos, em parceria com a Universidade Federal de Goiás, sob o tema “Recursos Genéticos para a Sustentabilidade Frente às Mudanças Climáticas”.
No primeiro dia houve uma rica Feira de Troca de Germoplasma Crioulo na sede da COEPi, com foco nas sementes e plantas tradicionais, que contou com a participação de agricultores e de guardiões de sementes de diferentes regiões– da Chapada dos Veadeiros, de Mineiros, do Distrito Federal, de Planaltina e de Pirenópolis –, além de representantes da ASA–Articulação Semiárido Brasileiro, da Articulação Pacari de Plantas Medicinais do Cerrado e da EMBRAPA/CENARGEM – Centro Nacional de Recursos Genéticos. Além da troca de sementes e da venda de produtos artesanais, foram realizadas palestras e rodas de conversa sobre temas relacionados. O biólogo Rogério Dias, diretor-presidente da COEPi, abriu o evento saudando todo os presentes e agradecendo a parceria com os organizadores do evento, como a Dra. Maria Clorinda Fioravanti, professora da UFG, a Dra. Terezinha Dias, agrônoma da EMBRAPA, e a Dra. Cristiane Rachel de Paiva Felipe, agrônoma da EMATER/GO. A cantora Isabella Rovo e o violeiro Victor Batista, associados da COEPi, apresentaram duas músicas autorais para recepcionar os visitantes: “Guardião das Sementes” e “Cerratense”. Em seguida, Marenilson da Silva, que é agrônomo e representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, fez uma fala sobre o papel da assistência técnica e extensão rural na conservação e na preservação dos recursos genéticos.
Neste mesmo dia também fizemos três rodas de conversa. A primeira foi sobre a Lei da Biodiversidade, incluindo questões como repartição de benefícios, biopirataria e certificações comunitárias, com Luceli Morais Pio (Associação Pacari), Nurit Bensusan (OSocioBio) e Yasmin Hirdes (COEPi). A segunda roda foi sobre conservação in situ de espécies nativas e criação de bancos de sementes comunitários, quando foram apresentadas as experiências da ASA e da Associação Pacari, com a participação de Marilene Nascimento Melo e Francisca Jeane da Silva Venâncio (ASA), Luceli Morais Pio (Articulação Pacari), Yasmin Hirdes e Talitha Ferreira (COEPi). Já a última roda de conversa foi com Teresa Cristina Moreira (Associação de Agricultura Ecológica/DF), sobre Certificação Orgânica Participativa. Teresa contou sobre a experiência deste tipo de certificação no DF e na Chapada dos Veadeiros, apontando para um caminho que Pirenópolis e sua comunidade poderão seguir, se quisermos fortalecer a agricultura familiar, sustentável e orgânica local, tendo em vista que o município foi um grande produtor de alimentos no passado, mas hoje foca sua produção em commodities, como a soja e o gado, e em alimentos cuja produção ainda emprega grandes quantidades de agrotóxicos, como o tomate.
No dia seguinte foi realizado o “Congressinho” em 4 escolas públicas de Pirenópolis, onde os alunos puderam participar de atividades lúdicas sobre a nossa biodiversidade e aprender sobre a importância da conservação dos recursos genéticos para a agricultura e o equilíbrio ecológico. Na Escola Municipal do Povoado de Santo Antônio foram instalados uma horta e um viveiro de mudas para iniciar um trabalho com hortaliças tradicionais e ervas medicinais com as crianças.
Na manhã do dia 07 foram feitas duas atividades na Antara Agrofloresta, localizada na Serra dos Pireneus, ambas ministradas pela bióloga Dra. Nathalia Machado e pelo químico Brunno Conrado.A primeira foi uma vivência sobre corredores agroecológicos como estratégia de conservação, a segunda foi uma oficina sobre equipamentos para uso na agricultura familiar. Na parte da tarde tivemos, na COEPi, a apresentação do trabalho e dos produtos da Central do Cerrado por Luis Carraza, secretário executivo desta instituição. A Central do Cerrado atua como uma associação de dezenas de cooperativas comunitárias que trabalham com produtos da sociobiodiversidade, como quebradeiras de coco babaçu, coletores e processadores de açaí, cupuaçu, guaraná, pequi, baru e diversos outros frutos nativos do Brasil.
No último dia tivemos, também na COEPi, uma oficina sobre PANCs–Plantas Alimentícias Não Convencionais ministrada pelo Dr. Nuno Madeira, agrônomo do CNPH-Centro Nacional de Pesquisas em Hortaliças da EMBRAPA. Além de ensinar métodos de plantio e consumo destas plantas, ele nos presenteou com várias mudas de espécies que ainda não tínhamos em nossa Área Demonstrativa de Agroecologia. Sabemos que este é um presente para toda a nossa comunidade, sempre convidada a frequentar nossos espaços e atividades voltadas à agroecologia. À tarde, tivemos uma palestra sobre Agricultura Sintrópica ministrada por José Fernando dos Santos Rebello, agrônomo do CEPEAS-Centro de Pesquisas em Agricultura Sintrópica, que falou sobre a importância das florestas e dos sistemas agroflorestais para o equilíbrio planetário.
O evento fortalece a COEPi como um espaço aberto para discutir, aprender e demonstrar práticas conservacionistas,não só voltadas para a nossa biodiversidade nativa do Cerrado, como também para a agrobiodiversidade cultivada por comunidades tradicionais, indígenas erurais: todas praticantes de uma agricultura familiar, comunitária, orgânica e agroecológica. Quer saber mais sobre estes assuntos? Apareça em nossa sede e participe de nossas atividades, de nossa horta e de projetos em prol de um desenvolvimento socioambientalconsciente, viável, justo e responsável.
