COEPi E INSTITUTO OLHO D’ÁGUA REALIZAM INTERCÂMBIO HISTÓRICO ENTRE CERRADO E CAATINGA

De 12 a 15 de agosto de 2025, representantes da COEPi estiveram no Piauí para um intercâmbio artístico-cultural da Rede de Escolas Livres, conhecendo de perto o Instituto Olho D’água (IODA). O encontro, viabilizado pela Secretaria de Formação Cultural, Livro e Leitura (Sefli) do Ministério da Cultura (MinC) fortalece a troca de saberes entre os biomas Cerrado e Caatinga, unindo educação, arte, arqueologia social, educação ambiental e patrimonial.

Os agentes culturais Rogério Dias e Jota Clavijo, curadores do Museu de Ciências Oca da Terra da COEPi, representaram a organização goiana na missão, que incluiu visitas a universidades, sítios arqueológicos, museus e a sede do IODA, além de momentos formativos e de compartilhamento de metodologias educativas.

Arqueologia, memória e arte: o primeiro dia de trocas

A programação começou em 12 de agosto com uma visita à UNIVASF (Universidade Federal do Vale do São Francisco), em São Raimundo Nonato, onde a comitiva conheceu o curso de arqueologia – que completou 20 anos – e seus laboratórios, com equipamentos modernos e coleções significativas. Em seguida, visitaram a Casa da Memória, espaço que preserva a história e a cultura da região.

No município de Coronel José Dias, o grupo foi recebido na sede do Instituto Olho D’água (IODA), onde Maria Lídia, colaboradora da instituição, apresentou toda a estrutura – salas, biblioteca, cozinha e exposições –, destacando o notável trabalho em arqueologia social, educação ambiental e patrimonial. A agenda incluiu ainda uma visita à Fábrica de Cerâmica Serra da Capivara, idealizada pela arqueóloga Niède Guidon, que emprega dezenas de ceramistas da região e exporta peças inspiradas na arte rupestre para todo o mundo.

De volta ao IODA, Jota Clavijo realizou uma oficina de Quirigami – arte japonesa de recorte de papel –, encantando os presentes com a técnica. Na sequência, todos acompanharam o mestre ceramista Gil em seu trabalho de educação artística com crianças.

Imersão no Parque Nacional Serra da Capivara

Nos dias 13 e 14 de agosto, guiados por Luciano Gomes – tesoureiro do IODA, professor, guia do Parque e vereador –, quarta-feira (13) a equipe visitou o PARNA Serra da Capivara, percorrendo diversos sítios arqueológicos, como Toca do Pajau, Toca do Inferno, Toca do Barro, Toca do Baixão da Vaca, Boqueirão da Pedra Furada (incluindo uma visita noturna impressionante com Marília Gomes, secretária executiva do IODA e guia), Toca do Pedro Rodrigues, Toca do Sítio do Meio, entre outros.

O Parque Nacional Serra da Capivara, Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, revelou sua fenomenal paisagem de Caatinga e serras, abrigando uma das maiores concentrações de pinturas rupestres do mundo, com cenas intrigantes do cotidiano pré-histórico.

No dia 14, visitaram também o Museu da Natureza, idealizado por Niède Guidon, que narra a história da vida, da Terra e do ser humano com recursos visuais modernos e uma réplica impressionante de uma preguiça-gigante.

Noite de encerramento reflexiva e troca de experiências

No final do dia 14, na sede do IODA, a Dra. Marrian Rodrigues, arqueóloga, fundadora e coordenadora científica do instituto, compartilhou a história e os propósitos da organização, nascida do resgate e valorização da cultura sertaneja impactada pela criação do Parque Nacional. Em seguida, Rogério Dias apresentou o trabalho da COEPi e as características do bioma Cerrado, provocando uma reflexão sobre as mudanças climáticas e ambientais que transformaram a região – outrora úmida e cheia de vida – na Caatinga seca de hoje.

Último dia: aventura, arte rupestre e Museu do Homem Americano

No dia 15 de agosto, subiram escadas metálicas fixadas em paredões para acessar sítios como a Toca do Caldeirão do Rodrigues e a Toca do Fundo do Baixão da Pedra Furada, de onde avistaram pinturas magníficas de capivaras – verdadeiras obras-primas da arte pré-histórica.

À tarde, visitaram o Museu do Homem Americano, em São Raimundo Nonato, que abriga o crânio de “Zuzu”, com cerca de 10 mil anos, além de esqueletos, urnas funerárias e ferramentas de pedra, finalizando com uma exibição cinematográfica sobre as pinturas rupestres do Parque Nacional da Serra da Capivara.

Renovação das esperanças e continuidade do intercâmbio

Para a COEPi, esta primeira etapa do intercâmbio foi uma experiência transformadora, que renovou as esperanças na construção de um mundo melhor por meio da educação, da arte e do cuidado com o patrimônio natural e cultural. Em breve, a COEPi receberá Marília Gomes, do IODA, para a segunda etapa do intercâmbio, para conhecer um pouco do trabalho de educação ambiental, artística e patrimonial realizado pela instituição em Pirenópolis e das belezas da Serra dos Pireneus.